Corporate influencer: o funcionário contratado e pago para ser influenciador da empresa

Contratar influenciadores para trabalhar pontualmente com uma empresa não é novidade. Muitas marcas já estabeleceram parcerias com criadores de conteúdo para promover produtos ou serviços em campanhas específicas. Além disso, iniciativas como Employee Advocacy também ganharam força nos últimos anos, com empresas implementando programas de embaixadores internos. Nesses casos, os colaboradores são convidados a compartilhar conteúdos corporativos de forma voluntária, sem remuneração, participando apenas se desejarem.

O papel do Business Influencer também já havia demonstrado como influenciadores mais experientes e especialistas em temas específicos podem ir além de meros posts patrocinados. Esses profissionais são contratados para ações mais estratégicas, como palestras, cobertura de eventos, aulas ou desenvolvimento de projetos em parceria com empresas. Ao combinar sua autoridade no tema com a comunicação para suas audiências, os Business Influencers ajudam marcas a criar uma conexão mais profunda e a ampliar sua reputação.

Além de ser contratado pelo pacote completo que oferece — sua expertise, reputação, capacidade de criar conteúdo estratégico e conexão direta com sua audiência — muitos business influencers preferem manter sua independência. Eles frequentemente têm sua própria marca pessoal ou até mesmo uma empresa, optando por colaborar com organizações de forma contratual ou como parceiros estratégicos, sem o vínculo de um cargo fixo. Em alguns casos, vão além da simples parceria, assumindo posições como sócios ou recebendo participação no negócio. Um exemplo é Marina Ruy Barbosa, que, além de influenciadora e atriz, se tornou responsável pela estratégia de moda do ZZ Mall, passando pela curadoria e direção criativa dos conteúdos da plataforma e social media, até o direcionamento geral de branding, com a construção e fortalecimento da marca.

Agora, estamos vendo o surgimento de algo ainda mais específico: a criação de um cargo formal, remunerado, para influenciadores internos, os corporate ou office influencers.

Trata-se de funcionários contratados exclusivamente para representar a marca nas redes sociais, criando conteúdos autênticos que conectam a empresa ao público. Uma evolução estratégica, que une criatividade, autenticidade e alinhamento com os valores corporativos, ao mesmo tempo em que atende à crescente demanda por humanização nas interações digitais.

Mas a influência não para por aí. As empresas também estão voltando seus olhos para os altos executivos, especialmente os CEOs. Em um mundo onde autenticidade e conexão direta são cada vez mais valorizadas, cresce a expectativa de que líderes empresariais se posicionem como influenciadores. Isso decorre da necessidade de humanizar marcas por meio de lideranças que vão além de decisões estratégicas e demonstram proximidade com colaboradores, clientes e investidores. CEOs que adotam essa postura não apenas reforçam a cultura organizacional, mas também estabelecem credibilidade e confiança ao comunicarem diretamente suas visões e valores.

Delloite e Lara, a primeira corporate influencer alemã

Algumas empresas já estão na vanguarda dessa tendência, demonstrando como o modelo de Corporate Influencer pode ser aplicado com sucesso em diferentes indústrias. A Deloitte tem um exemplo, a gigante de consultoria contratou Lara Sophie Bothur, que além de abrir novos caminhos como a primeira influenciadora corporativa alemã em tempo integral em uma consultoria Big Four, ela também reuniu uma audiência considerável no LinkedIn, com mais de 336.000 seguidores, tornando-se a primeira mulher nesse campo na plataforma. Em seu perfil, o cargo consta como “Voice for Innovation & Corporate Tech Influencer in Europe”.

Dentre as competências de Lara Sophie Bothur, destacam-se áreas-chave como influência corporativa em tecnologia, marketing digital, transformação digital e comunicação estratégica, refletindo sua ampla experiência no setor. Seu conhecimento técnico inclui áreas emergentes, como realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR), blockchain, cidades inteligentes, mobilidade inteligente, IoT e manufatura inteligente, entre outras. Reconhecida por sua atuação inovadora, Lara possui forte domínio em LinkedIn Marketing, sendo uma das principais criadoras no programa europeu do LinkedIn Creator Program.

Foco, estratégia e autenticidade: os benefícios de um influenciador corporativo

Pode parecer exagerado ou até inusitado contratar alguém exclusivamente para ser o rosto e a voz da empresa nas redes sociais. Mas, em uma era onde autenticidade, conexão e criatividade são essenciais para o sucesso, os benefícios dessa abordagem são inegáveis.

Um dos grandes diferenciais de um Corporate Influencer é que ele é contratado com foco total nessa função. Diferentemente de colaboradores que, em programas de Employee Advocacy, compartilham conteúdos corporativos de maneira voluntária e sem remuneração, o influenciador interno tem a incumbência oficial de criar e promover conteúdos estratégicos. Isso significa que ele trabalha com um plano bem definido, sabendo o que comunicar, como comunicar e para quem comunicar.

Além disso, ele domina as técnicas de produção de conteúdo, como storytelling, edição de vídeos e adaptação de mensagens às diferentes plataformas, o que eleva a qualidade do material e garante alinhamento com os objetivos da empresa.

Outros benefícios incluem:

  • Humanização da marca: o influenciador interno dá um rosto e uma personalidade à empresa, o que fortalece a confiança e a proximidade com o público.
  • Foco estratégico: por estar dedicado a essa função, ele entrega resultados consistentes e pensados para gerar impacto, ao contrário de ações esporádicas ou improvisadas.
  • Maior engajamento: conteúdos criados com planejamento estratégico têm mais chances de ressoar com o público-alvo e gerar interações significativas.
  • Reforço da cultura organizacional: ele não apenas representa a empresa para o público externo, mas também inspira equipes internas e ajuda a reforçar os valores corporativos.
  • Atração de talentos e clientes: com uma comunicação mais autêntica e envolvente, empresas que adotam influenciadores internos se tornam mais atrativas para novos talentos e consumidores.

Embora a ideia de contratar alguém exclusivamente para ser um influenciador corporativo ainda cause estranhamento, a realidade é que estamos entrando em um novo paradigma. O público busca histórias reais e autênticas, e o Corporate Influencer é a peça que conecta esses elementos, garantindo resultados que vão além de curtidas e compartilhamentos: conexões reais, alinhamento estratégico e fortalecimento de marca.

O papel de Corporate Influencer sinaliza uma mudança no marketing e comunicação corporativa, centrando-se em “pessoas como marcas”. As empresas que adotarem essa abordagem não apenas ganharão relevância nas redes sociais, mas também reforçarão sua cultura organizacional e atrairão talentos alinhados com seus valores.

Employee advocacy x corporate influencer

Embora ambos os conceitos sejam estratégias para humanizar marcas e conectar empresas ao público, Employee Advocacy e Corporate Influencer apresentam diferenças claras em suas abordagens, objetivos e execução. Enquanto o Employee Advocacy se baseia na participação voluntária de colaboradores que compartilham conteúdos corporativos como embaixadores, o Corporate Influencer é um profissional dedicado, contratado para atuar estrategicamente, produzindo conteúdos criativos e autênticos que ampliam o alcance e o impacto da marca.

Dentre as habilidades necessárias para ser um corporate influencer, estão:

  1. Criação de conteúdo: domínio de ferramentas de edição de vídeo, design gráfico e storytelling.
  2. Estratégia de mídias sociais: saber navegar entre plataformas e adaptar o conteúdo ao público de cada uma.
  3. Comunicação: habilidade para transmitir mensagens de maneira clara, cativante e autêntica.
  4. Alinhamento com a cultura corporativa: compreender profundamente os valores e missão da empresa.
  5. Capacidade de adaptação: estar atento às tendências digitais e incorporá-las rapidamente.

Os desafios para as empresas

Embora o modelo de Corporate Influencer traga benefícios significativos, como humanização da marca e maior engajamento, sua implementação não está isenta de desafios. Empresas que optam por essa abordagem precisam enfrentar questões estratégicas e operacionais para garantir que o papel do influenciador interno seja efetivo e alinhado aos objetivos organizacionais.

Desde a necessidade de equilibrar liberdade criativa e controle da mensagem até o gerenciamento de crises em um ambiente digital dinâmico, as organizações devem estar preparadas para oferecer suporte contínuo, medir resultados e adaptar-se às demandas desse novo paradigma. Dentre os desafios, pode-se citar:

  1. Gerenciamento de liberdade criativa: encontrar o equilíbrio entre autonomia do influenciador e controle da mensagem.
  2. Medir ROI: determinar como os esforços dos Corporate Influencers impactam diretamente nos resultados.
  3. Treinamento e Suporte: garantir que os influenciadores internos tenham recursos para se desenvolverem continuamente.

Além disso, é essencial que, embora o Corporate Influencer seja um cargo formal, o trabalho realizado soe natural e autêntico. Isso não significa esconder que se trata de uma função remunerada, mas sim garantir que o conteúdo produzido reflita a personalidade do influenciador e da marca, criando uma conexão genuína com o público. Afinal, a autenticidade é a chave para o sucesso nesse modelo.

Próximo passo: como implementar a estratégia?

Para empresas que desejam adotar a estratégia de Corporate Influencer, é crucial reconhecer que estamos falando de um cargo formal, fixo e remunerado, com responsabilidades claras e alinhadas à estratégia organizacional. Diferentemente de colaborações pontuais ou ações temporárias, o Corporate Influencer desempenha uma função estruturada e contínua para representar a marca com autenticidade e impacto estratégico. Considere:

  • Identificar talentos internos ou externos: o Corporate Influencer pode ser selecionado internamente entre funcionários que já têm habilidades comprovadas em comunicação digital, storytelling e presença nas redes sociais. Essa escolha tem a vantagem de acelerar a curva de aprendizado, pois o colaborador já conhece profundamente a cultura, os valores e os objetivos da organização. Caso seja necessário contratar um influenciador externo, é essencial planejar uma imersão completa para que ele compreenda não apenas a dinâmica da empresa, mas também sua identidade, propósito e tom de comunicação.
  • Estruturar o cargo com clareza: para que o papel do Corporate Influencer seja efetivo, é necessário definir uma descrição de cargo formal, com objetivos, responsabilidades e métricas de desempenho bem delineadas. KPIs como alcance, engajamento, impacto no employer branding e conversão de talentos ou clientes podem ser usados para medir o sucesso da estratégia.
  • Definir objetivos estratégicos: determine se o foco será employer branding, atração de talentos, engajamento interno ou promoção de produtos e serviços. Certifique-se de que esses objetivos estejam alinhados ao planejamento geral da empresa e que o influenciador compreenda como seu trabalho contribui para esses resultados.
  • Investir em treinamento e capacitação: tanto para talentos internos quanto para contratados externos, é fundamental oferecer suporte técnico, ferramentas e formação em comunicação estratégica, produção de conteúdo e alinhamento de marca. No caso de influenciadores externos, um onboarding robusto que inclua workshops de cultura organizacional e imersão nos processos internos será indispensável.
  • Planejar a integração com outras equipes: o trabalho do Corporate Influencer deve ser parte de uma estratégia integrada, conectando-se às iniciativas das áreas de marketing, comunicação, recursos humanos e até mesmo vendas. Essa colaboração garante que as mensagens sejam consistentes e reforcem os objetivos corporativos.

Ao optar por talentos internos, a empresa se beneficia de uma curva de aprendizado mais curta e de uma comunicação naturalmente alinhada com a cultura organizacional. Já no caso de influenciadores externos, é possível trazer novas perspectivas e alcançar públicos diferentes, mas será necessário um esforço maior para que o profissional compreenda e incorpore a essência da marca.

Como profissionais podem se preparar para essa demanda

O papel de Corporate Influencer está se consolidando como uma oportunidade para quem deseja combinar criatividade, estratégia e comunicação em um único cargo. Além de dominar habilidades técnicas, é essencial desenvolver competências interpessoais e estratégicas, uma vez que esse trabalho exige colaboração e sensibilidade no ambiente corporativo. Para se destacar e atender a essa demanda crescente, profissionais podem investir nas seguintes áreas:

  1. Criação de conteúdo avançado: aprenda a usar ferramentas de edição de vídeo, design gráfico e plataformas de redes sociais.
  2. Storytelling estratégico: desenvolva a capacidade de contar histórias que conectem pessoas e reforcem os valores corporativos.
  3. Conhecimento de tendências Digitais: esteja atualizado sobre as últimas novidades nas redes sociais, como formatos de vídeo, algoritmos e estilos de comunicação.
  4. Alinhamento com a cultura corporativa: trabalhe na habilidade de interpretar e traduzir os valores e objetivos de uma empresa para conteúdos acessíveis e autênticos.
  5. Habilidades de apresentação: seja capaz de se comunicar de forma clara e cativante, tanto online quanto em eventos ao vivo.
  6. Colaboração com equipes internas: trabalhe de forma integrada com áreas como marketing, comunicação, RH e liderança para alinhar mensagens e objetivos.
  7. Gestão de relacionamentos: saiba engajar e inspirar colegas, envolvendo-os na criação de conteúdos sem invadir a privacidade ou desconfortar aqueles que participam do processo.
  8. Sensibilidade sobre exposição: entenda como a exposição do trabalho e das pessoas ao redor pode ser percebida, respeitando os limites e garantindo que o conteúdo seja ético e positivo.
  9. Compreensão do público interno e externo: tenha clareza sobre quem verá o conteúdo produzido e como ele impactará os diferentes públicos da empresa, adaptando mensagens para maximizar relevância e engajamento.

Além disso, quem já atua como criador de conteúdo pode potencializar sua marca pessoal para se posicionar como candidato ideal a esse tipo de cargo. Ter uma presença digital forte e resultados comprovados em engajamento e comunicação são diferenciais importantes.

Uma tendência para 2025?

À medida que as empresas buscam novas formas de se destacar no ambiente digital, surge o conceito de Corporate Influencer como uma das principais tendências para o futuro. Destacada no relatório “Big Ideas 2025” do LinkedIn Notícias, essa ideia representa uma evolução na maneira como marcas se comunicam e se conectam com seus públicos.

O papel do Corporate Influencer reflete a necessidade crescente de autenticidade, criatividade e proximidade em um mundo cada vez mais digital. Esse cargo surge como uma solução estratégica para humanizar marcas, fortalecer a cultura organizacional e atrair talentos e clientes.

Ao integrar influenciadores internos em suas estratégias, as empresas demonstram não apenas uma adaptação às demandas do mercado digital, mas também um compromisso em colocar as pessoas no centro de sua narrativa. Seja por meio de conteúdos inspiradores, histórias reais ou interações genuínas, os Corporate Influencers têm o potencial de transformar a percepção de marcas e agregar valor em múltiplas frentes.

Para os profissionais, essa é uma oportunidade única de se posicionar em um mercado em ascensão, desenvolvendo competências que combinam criatividade, estratégia e comunicação. Para as empresas, o desafio está em implementar essa abordagem de forma autêntica e ética, garantindo que a função vá além de métricas superficiais e contribua para um impacto duradouro.

O Corporate Influencer reflete o futuro das relações entre marcas e pessoas. Um futuro onde a influência não é apenas um recurso de marketing, mas uma ferramenta poderosa para construir confiança, conexão e relevância.

E aí, será que pega? Você aceitaria ser contratado como corporate influencer?

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